sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

A CURITIBA QUE ENCANTAVA


  • Divagando & Katilografando
  • Longe se vai o ano de 1983, era mês de maio. A Curitiba tão fria
  • quanto perfumada e encantadora, ao mesmo tempo indiferente aos
  • insuspeitos olhares daqueles que a cobiçavam pelo primor e o frescor
  • abundante das suas praças, ruas, avenidas e parques, belos prédios,
  • bela e encantadora gente. Quem não cobiçava vir morar em
  • Curitiba?..

  • Sempre há as exceções, de fato, aquele que não foi 4echado pelo
  • cupido do 4erte e do amor curitibano, sob as desculpas de que o povo
  • curitibano é frio, que a cidade é fria por demais, que conviver com as
  • baixíssimas temperaturas – àquela época fazia muito frio, e havia
  • quem dissesse que já não fazia mais tanto frio – era-lhe impossível
  • quedar-se aos apelos; aliás, pode ser que tenha de algum modo feito
  • um bem a Curitiba, por não ter vindo aqui morar.
  • A propaganda de cidade modêlo do país, encetada pelo então
  • governo paranaense fez daquela linda e exuberante debutante <car
  • soberba, com indisfarçavel arrogância. Aquela Cidade que me dera
  • uma lição de cidadania lá em maio de 1983 já não mais existe,
  • infelizmente – desembarquei aqui a passeio em 27 de abril de 1983.
  • Quando aqui estive naquelas férias de maio de 1983, hospedei-me na
  • casa do meu primo Nelson - o farmaceutico da Farmácia New Farma -
  • que morava no Edifício Grão Pará, que <ca na esquina da Rua Dr.
  • Pedrosa com a Praça Rui Barbosa, dali, estava sempre prescrutando
  • as redondezas. Sem me descuidar das lições de asseio da Cidade,
  • estava eu sentado em uma cadeira de engraxate na Praça Rui
  • Barbosa, nas imediações onde hoje está o tubo de desembarque e
  • embarque do biarticulado do Pinheirinho/Rui Barbosa, resolvi quase
  • no <nal do trabalho do engraxate, contrariando o clima, que, embora
  • o sol brilhasse, fazia um frio cortante, comprar do sorveteiro em seu
  • carrinho quase ao lado do engraxate, um picolé esquimó. Sorvia
  • aquela delícia indiferente ao engraxate, quando ele deu por
  • encerrada a sua tarefa; paguei-lhe e fui em direção à Alameda Cabral.
  • Quando eu já estava prestes a cruzar a Rua Emiliano Perneta, o meu
  • picolé Esquimó acabou, incontinenti, em minha mão juntei palito e o
  • papel úmido amassei-o e joguei ao chão. De repente, não sei de onde
  • saiu, apareceu uma senhora, gari, que parecia estar me seguindo,
  • prevendo o que eu ia cometer aquele desatino, ao que ela deu uma
  • volta à minha frente, com uma pazinha e uma vassoura varreu o lixo
  • que eu havia descartado, e, dando não mais do que quatro ou talvez
  • cinco passos depositou-o em uma lixeira à minha frente.
  • Desnecessário se faz dizer que eu queria procurar um buraco para me
  • en<ar lá dentro, tal foi a vergonha que a acintosa atitude daquela
  • senhora e gari me colocara dentro da civilidade curitibana daquele
  • saudoso ano de 1983.
  • Saindo do local da minha vergonha pública – não sei quantos mais
  • viram o meu desatino além daquela gari – entrei em um
  • estabelecimento comercial e comprei uma caixa de lencinhos, para
  • que, sempre que eu precisasse cuspir, deles fazer uso e, claro
  • descartando-os em uma lixeira sempre à disposição dos cidadãos
  • curitibanos e visitantes bem educados.
  • Pois muito bem, hoje e há dezenove anos sou cidadão curitibano,
  • migrei para aqui no ano de 1997 transferido pelo Banco do Brasil, de
  • onde já me desliguei por aposentadoria.
  • A minha (permita-me chamá-la minha) linda debutante cresceu, está
  • robusta, é quase uma senhora. Os apelos daquela propaganda que a
  • expôs aos olhos de pessoas dos mais diversos rincões gerou
  • resultados nada auspiciosos àquela linda moça; hoje Ela tem maus
  • hábitos e exala mau hálito, que não são congênitos, foram adquiridos
  • pela convivência perniciosa com aqueles maus cidadãos que para
  • aqui migraram e que não se despojaram dos seus maus hábitos
  • herdados de seu berço natal e de sua má formação.
  • A sujeira em nossa Curitiba pode ser percebida nas ruas, avenidas,
  • praças, jardins e seus canteiros mau cuidados. Os terrenos baldios, os
  • prédios abandonados, os parques igualmente mau cuidados são, por
  • conseguinte, geradores de focos e criadouros de insetos e outros
  • bichos, os rios servindo de esgotos a céu aberto, móveis e utensílios
  • descartados às suas margens.
  • En<m, toda essa sujeira é resultado da falta de educação dos maus
  • cidadãos que precisam de lições urgentes de limpeza e de cidadania.
  • A minha rua é meu pedaço de cidade, a frente da minha casa – inclui
  • a calçada – é extensão da minha morada, cuidar do meu espaço é
  • uma obrigação cotidiana.
  • O poder constituído, por sua Secretaria Municipal de Limpeza Pública,
  • não precisa gastar fortunas com limpeza pública em nossa cidade. Ao
  • contrário, deveria o poder público gastar com mais Educação. Uma
  • vez educado o cidadão, não se gastará dinheiro com saúde e nem
  • tanto com limpeza pública, pois cidade limpa é sinônimo de povo
  • civilizado, partindo dessa premissa, Curitiba um dia já foi civilizada
  • com um povo altamente civilizado.
  • Como diz um velho adágio popular: “EM ROMA, SEJA COMO OS
  • ROMANOS”.

  • Nota sobre o autor: Francisco Silva Filho é baiano de


  • Vitória da Conquista, é funcionário aposentado do Banco


  • do Brasil. Hoje atua na pro<ssão de advogado, aliás,


  • pro<ssão esta que, por opção o fez antecipar a sua


  • aposentadoria junto ao BB.


  • Curitiba – Janeiro/2016

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